O fim do Facebook?

Seria o fim do Facebook?

Seria o fim do Facebook?

Calma, calma, segurem um pouco seus tijolos virtuais antes de me racharem os miolos, pois não fui eu quem sugeriu isso. Aliás, sequer concordo com esse vaticínio sensacionalista.

Num recente e polêmico artigo publicado há algumas semanas, a Revista TIME divulgou um estudo de pesquisadores da Universidade de Princeton, que conclui que redes sociais são como doenças infecciosas que se espalham rapidamente, mas depois, em algum momento, perdem força e desaparecem. O estudo vai ainda mais longe, prevendo que a rede social fundada por Zuckerberg perderá 80% de seus usuários entre 2015 e 2017.

O resultado é baseado em modelos matemáticos a partir de projeções epidemiológicas, que estabelecem que assim como houve uma fase de contágio na adoção do Facebook, o caminho inverso inevitavelmente ocorrerá, e à medida que usuários forem abandonando a rede, outros se seguirão, já que quanto menor o número de amigos conectados, menor o interesse em nela permanecer. Mais ou menos como já aconteceu no Brasil com o moribundo Orkut (que Büyükkökten o tenha).

O levantamento é pra lá de ousado (e questionável), mas não está sozinho. O antropólogo Daniel Miller vem estudando adolescentes britânicos e afirma que o Facebook está “morto e enterrado” para os jovens de ingleses de 16 a 18 anos, para os quais seria até mesmo embaraçoso ser associado com essa rede social. Segundo ele, baseado num levantamento etnográfico conduzido em 8 países, o Facebook estaria se tornando “brega” e impopular, porque seus parentes mais velhos estariam na rede vigiando e controlando seus passos. Qual aborrescente vai querer ir a uma balada na qual seus pais, tios e avós são freqüentadores usuais?

De fato, pesquisas recentes mostraram uma perda de usuários do Facebook (aproximadamente 3 milhões) nessa faixa etária em países desenvolvidos, compensada pelo ingresso maciço de internautas de faixas etárias mais elevadas. Muitos desses adolescente estão priorizando outras redes sociais, como Twitter e Instagram.

Talvez isso seja novidade para você;mas não para os executivos do Facebook, que minimizam o episódio. Dizem que a adolescência é um ciclo de vida particular, e à medida que envelheçam tenderão a adotar o Facebook novamente, porque é a única rede social que efetivamente conecta todo mundo.

Além disso, é a plataforma com melhor funcionalidade para agregar interações online, mensagens, fóruns, álbuns de fotos e vídeos. Também dispõem de meia tonelada de zigalhões de dólares no bolso para comprar qualquer coisa que possa ameaçar sua hegemonia na rede. Foi assim com o Instagram e agora com o WhatsApp. Sob a fachada do romantismo hippie-nerd do Vale do Silício, ergueram-se corporações gigantes que dominam com mão de ferro o território virtual. Não pode vencer o inimigo? Compre-o! O modo totalitarista de exercer a liberdade no Vale do Suplício. That’s all about business, anyway.

Enquanto isso vamos escancarando nossas entranhas e cedendo montanhas de dados para sites que vigiam ininterruptamente nossos passos, num BBB voluntário do qual não temos nem a chance de ficar milionários. Ok, são apenas robôs. Mas qual o sentido de compartilhar tanta intimidade com um robô? Tecnofilia?

Em um mundo neurastenicamente exibicionista, onde a aparência é um valor de referência, as redes sociais são um fenômeno que vieram para ficar. Podem acabar a vergonha, os ursos pandas, os micos leões dourados, o dinheiro para o aluguel e o oxigênio em Nova Déli, mas o Facebook, ou quem quer que consiga a proeza de substituí-lo, permanecerá no meio de nós, robôs que nos observam dia e noite e sabem mais sobre nós do que nós mesmos jamais saberemos.

Enquanto isso, o Facebook está mais vivo do que nunca. Gigante, bilionário e seduzindo com seu charme azul nossa eterna e insaciável necessidade de nos fazer notados.

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